terça-feira, 31 de maio de 2011

Relembrando ...

Depois de todo o tempo sem escrever, enfim me deu uma certa vontade de passar por aqui e reler aquilo que já foi escrito, fases que passaram, palavras escritas que não se perdem jamais, e que se tornam mais bonitas com o passar do tempo, quando se lê algo que vem de você, isso faz com que você veja a sua essência do lado de fora, veja aquilo que você é, e como você estava naquele momento.

Valores se tornam mais intensos, situações nos tornam mais maduros, e uma parte daquilo que você um dia talvez tenha dado valor, se transforma. Mas nada disso é em vão, tudo o que é vivido molda nossas personalidades nos fazendo pessoas melhores, isso é o que se espera. Sentimentos se amadurecem, sim, amadurecem, tudo o que pode te torna feliz se torna mais intenso, ao menos é dessa maneira que me sinto.
Em mim o turbilhão de sentimentos se tornaram mais amenos, mas os que ficaram se tornaram mais exigentes, enfim ...

Continuemos a nossa nada mole vida.


Lara

domingo, 22 de agosto de 2010

Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Oswaldo Montenegro

domingo, 8 de agosto de 2010

Prezada vida,

Hoje estou aqui porque decidi olhar pra você, sim já que normalmente quem olha pra mim e por mim é você. Parei pra olhar com todo o carinho do mundo, e estou aqui pra te acolher, já que você anda passando por uma fase tão difícil.
Confusões, problemas com a saúde, e essa pessoa (eu) que muitas vezes age de uma forma que não condiz, te peço desculpas, mas juro que tento fazer o melhor embora muitas vezes eu não dê o melhor de mim por você, mesmo como todo o seu merecimento.
Como estamos sempre caminhando juntas, mesmo com todos nossos conflitos sei o que está sentindo, todo o medo, toda a dúvida, toda a angústia, toda a solidão mesmo estando sempre rodeada de pessoas queridas, e prometo, em breve voltaremos aos nossos dias de sorrisos, gargalhadas, sonhos realizados, objetivos a serem conquistados.
Sei que você sente como se o mundo tivesse desmoronado sobre sua cabeça, e que tudo vai continuar como está, sem jamais ter um fim, mas eu garanto uma hora essa tempestade acaba, e tudo será como se o sol voltasse a brilhar, mesmo que não venha a bonança, que venha apenas a paz.
As pessoas que estão ao nosso lado, ah essas pessoas, sei que você também as ama, e como as ama, e elas são uma parte de nós, um pedaço, que se tirado deixará uma falha, por isso pedimos a essas pessoas que não nos deixem, porque suportar perdas é algo que não dá mais.
Nossas lágrimas que mesmo parecendo esgotadas serão de alegria, e essa bendita alergia a medicação que tem nos deixado toda descamada irá embora de forma bem rápida, fora o inchaço, que esse dispensa comentários e sei que você odeia.
Fico admirada com a sua força, e quando pensamos em cair nosso lema é sempre, não podemos desistir, e também sei o quanto te preocupa todos os outros assuntos que fazem parte de nós, amizade, vida pessoal, objetivos, mas precisamos ter paciência, cada coisa, sua hora.
E algo que juntas podemos dizer é: nossos sentimentos não mudaram, nossos objetivos não desapareceram, nossos sonhos não acabaram, nossos desejos estão aqui, estão somente estacionados, mas continuam funcionando e fluindo a todo vapor.
E pra finalizar digo a você vida, tudo o que eu mais desejo é te manter bem viva ao meu lado, e agradecer, já que você é quem faz com que eu seja o que eu sou e quem eu sou, e estou muito feliz com isso hoje e sempre.

Carinhosamente,


Lara.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Soneto de Orfeu

São demais os perigos dessa vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida

E se ao luar, que atua desvairado
Vem unir-se uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher

Uma mulher que é feita de música
Luar e sentimento, e que a vida
Não quer, de tão perfeita

Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento,
Tão cheia de pudor que vive nua.

Vinicius de Moraes

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Uma música que seja...

... como os mais belos harmônicos da natureza. Uma música que seja como o som do vento na cordoalha dos navios, aumentando gradativamente de tom até atingir aquele em que se cria uma reta ascendente para o infinito. Uma música que comece sem começo e termine sem fim. Uma música que seja como o som do vento numa enorme harpa plantada no deserto. Uma música que seja como a nota lancinante deixada no ar por um pássaro que morre. Uma música que seja como o som dos altos ramos das grandes árvores vergastadas pelos temporais. Uma música que seja como o ponto de reunião de muitas vozes em busca de uma harmonia nova. Uma música que seja como o vôo de uma gaivota numa aurora de novos sons...


Vinicius de Moraes