segunda-feira, 26 de outubro de 2009

FORMANDA

Últimos dois meses de faculdade, últimos dois meses daquilo que eu tanto batalhei pra conquistar, últimos dois meses de um período muito difícil, mas ao mesmo tempo totalmente perfeito.
Tudo se iniciou quando eu decidi sair da escola pública e continuar meus estudos em um colégio particular, mudança de ambiente, pessoas, estilos e principalmente ensino, ano complicado, até porque eu precisava ficar o dia todo no colégio, e não estava acostumada.
Conheci pessoas singulares, maravilhosas, e que por incrível que pareça estão ao meu lado até hoje, até mesmo uma mocinha que estudava comigo no ensino fundamental (SESI), que eu não gostava muito e sei que a recíproca era verdadeira, passou a ser minha amiga e hoje é definitivamente uma das melhores, outra que também era uma super amiga no ensino fundamental continuou a ser, e continua ao meu lado até hoje, somando quinze anos de amizade.
Ao sair do 3º. Ano do ensino médio, resolvi fazer 1 ano de cursinho, já que ainda tinha dúvidas em relação ao que eu queria, melhor escolha da minha vida, quer dizer, uma das melhores.
Ano de muito estudo, mas também de crescimento, e como cresci, vivi no cursinho, uma das melhores fases da minha vida, professores legais, amigos maravilhosos, situações inusitadas, festas perfeitas, paixões imaturas entre muitas coisas.
Esse foi um dos períodos que eu aumentei consideravelmente o valor dos meus amigos, mas como nem tudo é perfeito, fim do ano, vestibular, quase todos os meus grandes amigos passaram no vestibular, e eu não. Que fase difícil, de derrota, de lágrimas, de confusão, de abismos, de algo que eu simplesmente não conseguia definir.
Consegui com muita dificuldade me matricular no segundo ano de cursinho, primeiro dia de aula, tudo era diferente, a dor e o sentimento de derrota predominavam crises existenciais, período de depressão, até porque, querendo ou não, cursinho pré-vestibular faz uma lavagem cerebral em seus alunos, e nada, absolutamente nada é tão bom quanto, o eixo do mal, USP, UNESP e UNICAMP, além claro da UFSCar, da Paulista de Medicina e universidades estaduais e federais.
As festas já não eram as mesmas, as piadas eram iguais, o conteúdo o mesmo, mas mesmo assim, eu ia à aula todos os dias.
Mais um final de ano, pressão muito, muito maior, pressão feita por mim mesma, e não passei no eixo do mal, mais uma vez, mas ao menos conheci Londrina que depois visitei mais algumas vezes e Maringá, super cidade no norte do Paraná, que também não passei. Ao saber dessa notícia, minha primeira decisão foi, não fico mais nesse cursinho, idéias muitas vezes divinas.
Minha mãe definitivamente disse que esse seria meu último ano de cursinho, e não adiantava reclamar, chorar, brigar, (sim, eu fazia essas coisas porque queria passar em uma universidade do estado), e me matriculei no cursinho do anglo, período noturno, essa foi mais uma luz em minha vida.
Primeiro dia de aula, ambiente diferente, entrei na fila de apostilas, e logo na minha frente havia uma mocinha, baixa, com luzes, que já estava na cantina antes, nossa primeira conversa, a demora da fila, sinceramente a primeira de muitas outras, essa é a Tatá, grande mulher que eu admiro, saindo da fila, nos sentamos juntas no meio da sala, que logo mudaria pra última fileira. Tudo pra mim passou a melhorar, e meu incentivo para ir pro cursinho era ver meus novos amigos.
Esse ano se estendeu, com muitas fofocas, risadas de doer a barriga, como nós ríamos, professores que davam em cima das alunas, churrasco de fim de semana, com direito a graxa e professor bêbado, broncas dos professores de química e matemática, quase nos mandaram pra fora da sala, revisão e fim do ano, vestibular, esse ano eu passei no vestibular, e finalmente eu era aluna da tão sonhada Universidade, desse momento em diante eu era aluna da UNESP, e essa foi outra reviravolta na minha vida.
Por estar cansada de prestar aqui em Rio Preto, com o auxilio da minha mamis, coloquei Assis, já que eu já tinha uma grande amiga por lá.
Deste momento em diante, se antes havia tido uma reviravolta, agora eu vivia em um outro mundo.
Primeira imagem, do primeiro dia fora de casa, uma república com uma caixa de disco de vinis, e lembro-me bem, tocava Elis Regina, alguém que mais tarde eu faria parte dos meus sons preferidos, os discos oscilavam entre Elis, Chico Buarque e Tim Maia. Sim, eu estava alojada em uma república, republica que minha amiga morava.
Dias, procura de casa, responsabilidade, intrigas, brigas, apoio, paixões, bar, cerveja, festas, foram coisas que fizeram parte da minha estadia em Assis, conheci pessoas singulares que meu deus, como eu amo, do fundo do meu coração, aprendi a ser eu mesma, sem a necessidade de agradar as pessoas, cresci como mulher, aprendi a ser dona da minha vida e cumprir com minhas responsabilidades, moldei minha personalidade, aperfeiçoei meus gostos, trabalhei pela primeira vez, a mudança foi visível. Hoje eu sei aquilo que eu faço questão que faça parte da minha vida, e o que abomino, e olha que são muitas, existem atitudes, pessoas, comentários, que sinceramente são desnecessárias.
Depois de 3 anos dos mais intensos sentimentos positivos e negativos, algo que se pode considerar, insano, doideira, loucura, resolvi mudar de ambiente, outra escolha que sinceramente só me acrescentou coisas positivas, e olha, vou falar uma coisa o 4º. Ano de Letras do Instituto de Biociências e Letras Unesp campus São José do Rio Preto, é foda, mas não são fodinhas não, os caras são bons mesmos, tanto em suas iniciações cientificas, trabalho, aulas, pesquisas, eles são OS caras e AS minas, essa foi outra coisa que eu aprendi, os melhores na maioria das vezes age com descrição, e essa galera vai pra frente.
Resumindo sou aluna do 4º. Ano da Unesp campus de Assis e da Unesp campus de são José do rio preto, dois mundos que não tem nada em comum, além do nome da universidade.
Ideais profissionais hoje vão além, estratégias, objetivos, sonhos, são mais altos, mas descobri que sim, eu posso, isso só depende de mim.
Churrasco dos formandos, ontem, emocionante, descobri que também sou querida ali no meio e que em um ano eu criei um elo bem grande com eles, também sou formanda, Interunesp lugar onde encontrei a galera de Assis, foi absolutamente emocionante, em meio a muitas lágrimas, abraços e banhos de cerveja, pinga, refrigerante, consegui sentir que ainda sou querida, e que nossa senhora, como essa galera vai me fazer falta, donos das mais insanas idéias, das mais animadas festas, do buteco de todos os dias, enfim, meus queridos.
Não quero mágoas, não quero ressentimentos, não quero auto-afirmação, só quero lembrar das coisas maravilhosas que fizeram parte dessa minha vida.
E é aqui, como formanda, e muito orgulhosa, que parto em busca de mais uma etapa, mais desafios e sonhos a serem realizados.

Um comentário:

Unknown disse...

Amiga.... que emocionante seu texto....
E fico muito feliz com tudo oq eu li... os obstaculos da vida sao pra isso mesmo.. pra crescermos.. e dar mais valor as coisas simples que a vida nos proporciona e que sao tao boas..
Te adolluuu dimais minha miguxa...
:***
Poly